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Arquitetos: Working with the 99%, ateliermob
- Área: 332 m²
- Ano: 2020
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Fotografias:Francisco Nogueira
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Fabricantes: A Leiriense, Fassa Bortolo, Forbo, MDB gestão de resíduos
Descrição enviada pela equipe de projeto. O Palácio Marquês de Abrantes, contido entre duas linhas férreas, na Rua de Marvila, é um edifício público que serviu desde o século XX como habitação popular e, actualmente, serve de sede a uma das mais antigas colectividades da cidade - a Sociedade Musical 3 d'Agosto de 1885. Encontra-se num território expectante há vários anos: enquanto a Norte tem os chamados bairros sociais, a Sul encontra o rio e os seus projectos imobiliários especulativos e gentrificadores. O projecto situa-se na relação com esta realidade dual, tentando que por um processo de questionamento e decisão colectiva se contrarie a lógica de expulsão de camadas populares possibilitando, pelo contrário, a sua fixação.
O projecto propõe que através da instalação de um gabinete técnico local de arquitectura se desenhem novos usos, que compatibilizem quer a sua vertente cultural e recreativa quer a habitacional. Partiu-se da ideia de que um projecto de arquitectura desta natureza começa por uma folha em branco onde o desenho vai surgindo através do processo participado com todos os actores locais - moradores, colectividades, instituições parceiras. Sendo um edifício público, propriedade municipal, o projecto tem contado com financiamento público, em especial através do programa BIP/ZIP. A primeira ocupação que fizemos de parte de uma ala do Palácio foi em Fevereiro de 2017 inaugurando, em simultâneo, uma exposição onde 5 artistas foram convidados a refletir sobre este território e sua memória, e a instalação de um gabinete técnico local de arquitectura. Durante 1 mês realizaram-se encontros que permitiram começar a desenhar o futuro uso do edifício, sendo clara a pretensão de o manter enquanto propriedade pública. Após o fecho da exposição/gabinete local em 2017 e 2020 o edifício ficou novamente vazio.
Depois de uma longa batalha voltamos, em 2020 e apesar da pandemia, a abrir o gabinete técnico local seguindo alguns dos mesmos pressupostos de 2017 - questionar e decidir colectivamente o que fazer com este edifício, mantendo o seu carácter cultural e abrindo a porta a que possa também voltar a ser habitação. Sempre com a questão: como pensar a cidade a partir de um edifício? Tratando-se de uma intervenção temporária, o objectivo era assegurar que as estruturas existentes não fossem danificadas, não pondo em causa o estudo arqueológico do seu passado. As demolições apenas incidiram sobre construções sem valor arquitectónico, ou aquelas que não apresentavam condições de segurança. Já as construções novas são marcadamente assumidas, tornando clara a distinção entre o existente e o que é novo, perceptível tanto na escolha de soluções construtivas reversíveis, como de materiais contrastantes.
